Naquela manhã o sol entrou rasteirinho pela janela e desesperadamente pousou-te na pele. Eu vi a luz, a dar-te vida, na lentidão dos movimentos de quem desperta. Nos teus olhos eu vi espelhos rendidos aos teus encantos. No teu rosto, eu vi uma beleza cega. No teu peito vi ameixas doces. Na tua boca vi o paraíso de todas as bocas, que eu já toquei. Tudo quanto és eu escuto, eu observo, eu sinto, tudo quanto te invoca eu rejeito e sofro. Dizem que não és boa para mim, que não és o que pareces ser, mas eu rejeito tudo o que dizem sobre ti e sinto o que sinto sem pensar. Pois tudo o que possa pensar, tu és ao acordar. Olho-te sozinha a vestires-te e depois a ires-te embora sem me dizeres sequer: até amanhã. Vejo-te ir... e, quando sais eu choro por dentro, com medo de morrer naquele momento, triste e sozinho.
Vincent ESTRADA
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