que se despeja no copo da vida, até meio, como se
o pudéssemos beber de um trago. No fundo,
como o vinho turvo, deixa um gosto amargo na
boca. Pergunto onde está a transparência do
vidro, a pureza do líquido inicial, a energia
de quem procura esvaziar a garrafa; e a resposta
são estes cacos que nos cortam as mãos, a mesa
da alma suja de restos, palavras espalhadas
num cansaço de sentidos. Volto, então, à primeira
hipótese. O amor. Mas sem o gastar de uma vez,
esperando que o tempo encha o copo até cima,
para que o possa erguer à luz do teu corpo
e veja, através dele, o teu rosto inteiro.
Nuno Júdice
Ninguém ver minhas lágrimas
ResponderEliminarNinguém sente minha dor
Ninguém compreende o meu amor
quisera eu, ter pra sempre a certeza
de te ver chegar até à mim
e dizer eu te amo
mas não passa de uma tola ilusão
é que meu coração anseia
por algo que não tem
e nunca terá
seu amor
seu sorriso
seus abraços
nada, absolutamente nada
nem as migalhas do teu cachorro
nem a poeira do seu tapete
nem o virús da tua gripe
é que eu sou insignificante
e não faz sentido pra você
se importar com o que eu sinto
quem ama não tem quem teme não ama
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