os homens acariciam o clitóris das esposas
com dedos molhados de saliva.
O mesmo gesto com que todos os dias
contam dinheiro papéis documentos
e folheiam nas revistas
a vida dos seus ídolos.
Sexta-feira à noite
os homens penetram suas esposas
com tédio e pênis.
O mesmo tédio com que todos os dias
enfiam o carro na garagem
o dedo no nariz
e metem a mão no bolso
para coçar o saco.
Sexta-feira à noite
os homens ressonam de borco
enquanto as mulheres no escuro
encaram seu destino
e sonham com o príncipe encantado.
Marina Colasanti
Muito bom e pertinente, mas triste imagem essa das mulheres. Vá lá que cada vez menos se resignam ao cliché do destino. Devem dar bons fados alguns poemas da Marina.
ResponderEliminarSim. Um tanto ao quanto fatalista esta ideia da poeta, mas uma realidade na minha opinião já um tanto ultrapassada. Hoje em dia as mulheres felizmente têm o direito de escolher o seu destino, e com outras implicações, já não são nem escravas da casa nem escravas dos seus esposos. Apesar de haver ainda pelo menos uma geração que vive esta dita " sexta feira à noite".
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