segunda-feira, 10 de maio de 2010

Tony Takitani e a "Insustentável Leveza do Ser"

Nunca a fotografia cinematográfica esteve tão sublime, num retrato narrativamente simples e excepcional acerca da condição humana, Tony Takitani é poesia pura. É o cinema que transpõe as habituais barreiras e que emana uma essência tão peculiar que todo ou qualquer espectador fica rendido à beleza das imagens, à pureza do quotidiano doméstico e citadino de um homem simples e solitário, cujas perdas e danos da sua vida o encaminham em direcção a um isolamento cada vez mais profundo.
Filho de um músico jazz, Tony Takitani é desprezado pelos outros enquanto criança devido ao seu nome de influência americana - Tony. A perda da mãe pouco tempo após o seu nascimento e o abandono do pai devido à sua carreira, fizeram da solidão um estado permanente na sua vida. Mais tarde descobriu uma invulgar habilidade para o desenho o que o fez tornar-se num ilustrador técnico, factor este, que lhe providenciou em adulto uma vida cómoda e indinheirada. Todavia o vazio da sua vida só é preenchido quando conhece uma bela e jovem mulher com quem casa pouco tempo depois e com a qual é bastante feliz ainda que, por um breve período de tempo. A jovem esposa de Tony tinha um vicio crescente, esta adorava moda e o guarda-roupa da casa de ambos ia-se enchendo de roupas e sapatos caros. A obsessão dela acaba por fazê-la sofrer um acidente rodoviário resultando na sua morte e, como se não bastasse a tragédia, pouco tempo depois o pai de Tony acaba por morrer também, deixando o filho sem nenhum laço emocional no mundo.
Tony Takitani é um retrato realista ainda que metafórico da vida de um homem. Baseado na pequena história de autoria de Haruki Murakami e realizado por Jun Ichikawa, esta obra envolve-nos numa apaixonante leveza do ser, cujos planos cirúrgicamente escolhidos e banda sonora a bom gosto resultam numa espécie de conto cinematográfico

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