quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Espreitava em seus olhos uma lágrima

Espreitava em seus olhos uma lágrima,
e em meus lábios uma frase a perdoar;
falou o orgulho, o seu pranto secou,
senti nos lábios essa frase expirar.
Eu vou por um caminho, ela por outro;
mas, ao pensar no amor que nos prendeu,
digo ainda: porque me calei aquele dia?
E ela dirá: porque não chorei eu?

Gustavo Adolfo Bécquer

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

"Porque não trocar um suspiro por um grito!?"

Vincent ESTRADA

domingo, 21 de novembro de 2010

"Para a mulher, toda reforma, toda salvação de qualquer tipo de ruína e toda renovação moral está no amor."
Fiódor Dostoiévski

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Ode do Desesperado

A morte está agora diante de mim
como a saúde diante do inválido,
como abandonar um quarto após a doença.

A morte está agora diante de mim
como o odor da mirra,
como sentar-se sob uma tenda num dia de vento.

A morte está agora diante de mim
como o perfume do lótus,
como sentar-se à beira da embriaguez.

A morte está agora diante de mim
como o fim da chuva,
como o regresso de um homem
que um dia partiu para além-mar.

A morte está agora diante de mim
como o instante em que o céu se torna puro,
como o desejo de um homem de rever a pátria
depois de longos, longos anos de cativeiro.
(...)

Herberto Helder

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

"Assim como era no principio"

Vincent ESTRADA 

ACORDAR TARDE

tocas as flores murchas que alguém te ofereceu
quando o rio parou de correr e a noite
foi tão luminosa quanto a mota que falhou
a curva - e o serviço postal não funcionou
no dia seguinte

procuras ávido aquilo que o mar não devorou
e passas a língua na cola dos selos lambidos
por assassinos - e a tua mão segurando a faca
cujo gume possui a fatalidade do sangue contaminado
dos amantes ocasionais - nada a fazer

irás sozinho vida dentro
os braços estendidos como se entrasses na água
o corpo num arco de pedra tenso simulando
a casa
onde me abrigo do mortal brilho do meio-dia

Al Berto

American Beauty


Marilyn Monroe

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

John Kenn Art

Sonho

Um cair de cabelos nos teus ombros
um suspiro preso à lembrança que
ficou, um brilho que se demora nos
olhos à janela, um eco que não passa

na memória de um murmúrio, o
abraço em que o tempo se suspende
a voz que dança por entre os ruídos e
silêncio, as mãos que não se libertam

num gesto de despedida, lábios que
outros lábios procuram, uma luz
que alastra na sombra que desce,

e uma sombra que se ilumina quando
a noite já cresce: tu sonho que
faz real a realidade em que te sonho.

Nuno Júdice
"O Breve Sentimento do Eterno"